O meu carro

Ah pois é, após anos incessantes de labuta rigorosa, comprei o meu primeiro carro. Escusado será dizer que, durantes os primeiros dias, esta viatura de um azul lindíssimo foi a luzinha dos meus olhos.

Ele eram beijos, afagos ternurentos, um roçar de nariz na porta do condutor, carícias breves mas intensas.

Orgulhosa, levo-o pela primeira vez a passear, acedendo a um pedido desesperado do meu irmão, para o ir buscar ao Técnico a propósito de nem sei o quê.

Tiro o carro da garagem ( tarefa hercúlea devido aos 4 pilares gigantes, uma máquina de costura, uma máquina de passar a ferro, um estaminé de parafernália electrónica e dois veículos estacionados).

E lá vou eu estrada fora, uma lágrima a querer descair e o peito ardendo de felicidade. Estaciono, vou ter com ele ao bar, três dedos de conversa com os colegas e regressamos a casa.

No parque de estacionamento, o choque, o terror puro. Do lado direito do carro, riscos gigantes.

Depois de um pseudo-colapso anafilático, recuperei a consciência e desatei a correr para a portaria, em direcção aos seguranças. E lá foi o meu irmão atrás de mim, esbracejando tal como eu, exigindo ver as cassetes de vigilância e vociferando ameaças expressas contra colegas, funcionários e membros do Conselho de Direcção e Comité Científico.

Exaustos, e após uma promessa solene que no dia seguinte haveria uma averigação oficiosa ao incidente, regresso a casa simplesmente deprimida, mas ainda assim confiante nas autoridades.

Entramos dentro da garagem e a primeira coisa que se avista é um pilar branco listado de azul. O meu irmão olha para mim, rancoroso:

– “já viste a figura que andei a fazer?”

Naquela altura senti mesmo as orelhitas a baixarem-se-me, um ratinho perdido no esgoto, um pequeno Ratatui órfão de família e de amor.

Moral:
Os riscos no estúpido do pilar sairam.
Equimoses no meu lindo carro azul.
Uma grande dor de alma.

Partilha-me toda, eu gosto

20 comentários em “O meu carro

  1. Decidi não comentar. Irra !!!
    É preciso pouca sorte. Então a safada da coluna veio coçar-se no carrinho da Suzana ?
    E não pediu licença !

    Peça imediatamente uma indemnização ao condomínio se o houver. A coluna fora da garagem JÁ !!!
    Zarco

  2. Deixa lá… no meu primeiro carro demorei dois dias até lhe fecundar a aerodinâmica, no segundo já foram duas semanas. O próximo, para não ter a ansiedade dos dois meses, vou dar-lhe com uma marreta nas portas, ao menos fico logo aliviado.

  3. Mas também… quem foi o raio do arquitecto que se lembrou de plantar uma coluna mesmo onde passam os carros???? é que não se entende….

  4. LOLADA!! Como me revejo…o meu primeiro pópó (que ainda é o meu pópó, que isto não há bolsa para outro pópó, cruzes), cinzentinho da silva, primeiro dia que lhe peguei: boooom contra a parede à minha frente, onde o ia tentar estacionar…
    Segundo dia: booom a tentar tirar o carro, esmifrado que estava entre duas latas automobilisticas gigantes.
    Terceiro dia: booom a tentar tirar o carro, esmifrado que estava entre três latas automoveis.
    Quarto dia, booom a tentar passar entre dois pilares.
    Uns meses depois, boooom de uma gaja que entrou na rotunda quando eu a estava a fazer…
    è como o rafeiro diz, mais vale dar-lhe logo com umas marretas, que bater via bater de certeza…

  5. Pah.. esses pilares que se movem são uma chatice.

    Uma vez um meteu-se à minha frente enquanto estava a fazer uma marcha atrás e lixou-me a parte traseira toda (do carro obviamente).

    LOL

  6. como é q riscas o carro e n dás conta? tinhas música aos berros?!
    o meu c3 tb viu o seu azul violado mas sempre foram uns vândalos do 6 de maio na damaia…
    Sn

  7. lol. Já me aconteceu o mesmo mas com o carro do papá. É claro que disse logo que tinha sido algum bandido do bairro alto sem nada para fazer. E que seguramente não estava com uns copitos a mais.

  8. Mas eu concordo, o nosso pópó justifica tudo!:)

    Uma vez fui votar, e mal saio do carro, um velhote, daqueles com óculos-fundo-de-garrafa, bateu-me e fez-me três – 3 – riscos no pára-choque.

    Democraticamente (era dia de eleições) chamei-lhe de tudo e vomitei toda a minha frustração no octagenário.

    Depois fiquei arrependida, com medo que ele morresse de ataque, ou de cansaço, a limpar os riscos…

  9. Grande Camarada…
    Revejo-me num futuro prómixo fazer as mesmas figuras que tu! No entanto, não publicarei em blogs nem comentarei com ninguém. Simplesmente mostrarei o meu lado de melhor condutor a toda a gente. hihihi…
    Força aí!

  10. “O seu comentário foi guardado e ficará visível após a aprovação do proprietário do blogue”

    Foi o primeiro e último tb…

  11. Os meus primeiros risquinhos foram não no pilar da garagem (que por acaso não tem pilares.. enfim) mas no Técnico! Vais valia que tivesse sido lá… mais risco menos rabisco, sempre ficavas com a coluna da garagem limpinha.. e se encontrasses um cromo qualquer sempre lhe pedias uma indmnização pelos danos =p

  12. Se te serve de consolo isso passa ao fi dos primeiros dois ou trê riscos! A mim aconteceu-me uma um bocadito pior: tinha o carro há 2 meses, e levei-o para o trabalho (afinal tinha sido para isso k o tinha comprado!), qd cheguei para ir almçar ao sítio onde o tinha deixado vi que tinha a porta de trás do lado do ondutor completamente dentro! Chamei a polícia e os carneiros para além de me gozarem ainda me multaram pq tinha um dos pneus em cima de um traço amarelo!! GRRR!

  13. Ui! Sei bem o que dói! Eu risquei a porta do meu carro ao saír de uma garagem, 1 mês e meio depois de o ter comprado. Chorei baba e ranho, fiquei de rastos. Ainda hoje, passado mais de um ano, fico a olhar para aquela porta e a pensar “tadinho de ti, meu lindo!”.

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