Um dia antes de perder o meu passe (que, pasme-se,reapareceu miraculosamente após 2 semanas e 30 cabeçadas na parede + um bilhete CP-10 viagens e 3 noites mal dormidas só de pensar quem é que o tinha apanhado e se se estaria a rir da minha fotografia depois)
saio do comboio, vejo o autocarro na paragem pronto a sair e corro até ele. Mas corro mesmo violentamente, com os saltos das botas prestes a colapasarem a qualquer momento, uma mão na barriga e outra noutras partes menos tonificadas para o coeficiente de atrito dinâmico ser menor (sublinho que vou ignorar qualquer comentário intelectual que tente corrigir o meu vocabulário científico)
Eu salto para o autocarro, este retoma a sua marcha, abro a mala e tento tirar a carteira. O senhor motorista carrega no botão para fechar a porta e contorna a rotunda da paragem. A minha mão entretando continua perdida nos confins da mala e a outra tenta agarrar-se ao varão.
Não consegue. E eu vejo-me na seguinte situção:
uma mão desaparecida em combate
a outra tentando alcançar um varão que pura e simplesmente não está ao seu alcance
um autocarro em movimento
a fazer uma grandessíssima curva
uma porta que, não obstante estar prestes a ser fechada, naquele momento objectiva e científicamente continua aberta
eu em pleno processo de queda livre à rectaguarda
e 80 anormais olhando-me ansiosos querendo saber se eu sou daquele tipo de pessoas que resolve morrer mesmo em hora de ponta só para chatear a vida dos outros.
Vinda não sei de onde surge a mão calejada de um homem, viçosa e no fulgor da idade, que me agarra e me iça autocarro adentro. O sr. motorista, hilariante como qualquer homem medíocre de 50 anos :”ó menina, você tão depressa entrava como saía!”
E eu,
pupilas dilatas,
pulso lento e débil
obnubilação mental
lívida e com o coração em taquicardia
lá esgalho um obrigada ao ucraniano redentor e encosto-me esgotada à máquina dos bilhetes.
Ainda estou a tentar descobrir onde é que o motorista vive, mas a Vimeca é sempre parca em informações. A vingança serve-se fria, e duas semanas depois continuo no mais perfeito estado de radiação cósmica. Actualização do crime perfeito ainda antes do Natal. Mantenham-se alerta.
Se é para chacinar um ou dois motoristas da Vimeca, conta comigo!
Ahahaha! Ainda há pouco tempo tive um episódio semelhante!
leitecondensadoascolheradas.blogspot.com/2006/10/desequilbrios.html
Deve ser um “complot” de motoristas… Deve, deve! No meu caso, tratou-se de um motorista da Carris. Cá para mim, às 6ª-feiras, reunem-se numa cave bafienta, algures no meio da cidade, onde escolhem os próximos alvos…
Deixem lá os senhores. Ajudem-me é a chacinar os meninos das beatas. Esses sim merecem a morte (ou tortura severa).
Se ajudar um pouco, e suavizar a dor, cá no Porto também temos motoristas desses………..
Nunca experimentem um nº19 de manhã, é um conselho!
AAAAAAAAAAAAAAAH AH AAAAAAAAAAAAAAHH!!!
arranja um mochila pra teres as mãos desimpedidas! 😛
Como eu te percebo!
Eu sempre disse que um livro a contar os episódios das viagens de autocarro daria um best seller!
Fica a dica.
Cometas e estrelas cadentes para todos