Já aqui escrevi que falo bastante não só a dormir, como também fico num estado semi-lúcido a ver televisão, chegando a ter alucinações. Asseguro, no entanto (a mim própria e aos outros), e faço ponto de honra nisso, que estou a tomar a mais plena das atenções ao que estou a ver:
– Pedro cuidado com a curva, vais mais devagar– advirto eu.
– Susana, acorda, estamos a ver Netflix .
– Eu estou acordada! (tocaram-me num ponto sensível) – Eu até consigo reproduzir na íntegra a última legenda que passou.
“ Sê corajosa, sabes que tens que ser o ganha-pão da tua família”.
– Susana, estamos a ver os Dois Papas. Garanto-te
que nenhum velho disse isso.
que nenhum velho disse isso.
– Hum. Estranho.
Também quando já estou na cama a dormir, faço confidências íntimas, arrancadas com todo o gosto pelo Pedro. Na última vez até escrevi num post, se bem se lembram, que a dormir lamentei-me: “Dói-me o pénis”.
Esta noite, o fenómeno repetiu-se. Mas foi desproporcionalmente pior L E olhem que já é muito ser-se gaja e sofrer da pila.
Pedro de manhã:
– Sabes o que disseste esta noite?
– F… cum c…, ai a merda, tens que deixar de fazer isso! Tens que parar, eu estou a dormir, sinto-me violada na minha intimidade!
– Olha por acaso até foste tu que me abordaste…
– F… e que estupidez é que eu disse?
Riu-se. Pigarreou:
– “Passa-me aí esse pastelinho rápido, que o Pedro agora não está a ver!”.
Porra.
Sim, eu adoro comer. Tenho um amigo que me disse: “Se uma mulher olhasse para mim como
tu olhas para este croquete, casava-me logo com ela”.
tu olhas para este croquete, casava-me logo com ela”.
O problema é que realmente, a única pessoa que eu não quero ver-me a comer como uma
alienada na fase maníaca é, precisamente, o Pedro. O ciclo é vicioso, as histórias são muitas. Invitavelmente, cada vez que ele se ausenta de uma qualquer mesa de refeições (normalmente na casa dos meus pais ) – (e para ir à casa de banho), eu fisgo logo um queijo brie com nozes , ou um terço de um salame.
alienada na fase maníaca é, precisamente, o Pedro. O ciclo é vicioso, as histórias são muitas. Invitavelmente, cada vez que ele se ausenta de uma qualquer mesa de refeições (normalmente na casa dos meus pais ) – (e para ir à casa de banho), eu fisgo logo um queijo brie com nozes , ou um terço de um salame.
Há duas semanas, na casa dos meus pais, quando o Pedro se ausentou, comecei a deglutir a um velocidade vertiginosa um pão de alho que já estava parcialmente trincado. Por norma, a coisa passa despercebida, mas desta vez o Pedro voltou logo, muito mais veloz do que eu previra.
Foi absolutamente admirável o meu sangue-frio, mesmo a parecer UM RAIO DE UM
HAMSTER com um manancial de comida escondida nas bochechas.
HAMSTER com um manancial de comida escondida nas bochechas.
– Epá que granda desbaste que alguém deu aqui num pão, e fui só fazer o número 1” – gozou ele.
Continuei imperturbável: ao domingo pululam pessoas na casa dos meus progenitores. É um
verdadeiro CLUEDO, o criminoso pode ter ser sido qualquer um: eu, os meus primos, os meu filhos – e não sabemos todos que as crianças são umas grandessíssimas lambonas?
verdadeiro CLUEDO, o criminoso pode ter ser sido qualquer um: eu, os meus primos, os meu filhos – e não sabemos todos que as crianças são umas grandessíssimas lambonas?
Voltando ao “Passa-me aí esse pastelinho rápido, que o Pedro agora não está a ver!” Tentei:
– Não disse nada.
– Ai disseste disseste! Até te perguntei: de quê? E tu: um qualquer, mas rápido!
Epá, que momento embaraçoso. Susana, pedir um pastel furtivo, à revelia do marido…ao
próprio?! Seriously? Senti-me outra vez como um hamster. Aliás, devo ter sido um noutra vida: tenho o mesmo apetite, as mesmas bochechas dilatáveis, a mesma pelúcia preta e aspecto cilíndrico.
próprio?! Seriously? Senti-me outra vez como um hamster. Aliás, devo ter sido um noutra vida: tenho o mesmo apetite, as mesmas bochechas dilatáveis, a mesma pelúcia preta e aspecto cilíndrico.
A diferença é que os bichinhos distribuem bem o peso do corpo, e depois correm na
rodinha todos atléticos e sexys. Eu sou um roedor acabado.
rodinha todos atléticos e sexys. Eu sou um roedor acabado.
Olá Pedro, já leste este post? Um grande beijinho para ti e para os teus interrogatórios pidescos. Pénis molestados, pastéis furtivos, qualquer dia ouves o que não queres. Just saying.
Partilha-me toda, eu gosto
Love love love it…
:)))) muito bom poder vir aqui rir 🙂
Engraçado ler-vos. São quase sempre os mesmos. Fariamos um trio engraçado.
obrigada
eu nunca comentei aqui, mas ri até chorar… estou a escrever isto e ainda estou a chorar.
Obrigada Alma, gosto que as minhas vergonhas sirvam nobres propósitos como fazer-vos rir!
loool! Foda-se! 😀