Desde 2ªf que tenho um pai altamente fragilizado em casa, com um braço ao peito e demasiado tempo livre para estar confinado às nossas quatro paredes. Durante a semana queixou-se sempre que ouvia um barulho no sotão, irregular e muito estranho.
– São ratos, pai, são ratos – disse eu, qual Rainha D. Isabel com rosas no regaço.
– que ratos, sua burra se o chão é de cimento!
Hoje, domingo, às 9 da manhã e após me ter deitado às 5h30, o meu pai bate à porta do meu quarto, anunciando com voz calma e firme:
– Susana, temos uma cobra no sotão. Levanta-te, vai à garagem e traz-me a enxada. Vai ter comigo lá acima. E afasta-se, deixando-me num estado comatoso de puro terror.
Para que percebam a dimensão da tragédia, adianto-vos que uma vez, na terra da minha avó, vi uma pele de cobra presa nos ciprestes, (o bicho devia tê-la mudado há relativamente pouco tempo porque ainda estava lustrosa e luzidia), e quando me apercebi bem do que era larguei a fugir e só me voltaram a pôr a vista em cima numa povoação vizinha às 8h da noite a cabecear autistamente à porta de um lagar.
Fui à garagem, sempre a olhar para todos os cantos de vassoura em riste e fui buscar a enxada. Subi ao sotão, atirei-a o mais perto possível dos pés do meu pai e fugi como se não houvesse amanhã. Barriquei-me com a minha mãe dentro da casa de banho e esperámos pacientemente pelo óbito do animal.
Passados nem 5 minutos entra o meu pai novamente em casa.
“Já está” – grita ele ao fundo, na cozinha, numa voz animada.
“Dó, olha que eu não quero ver isso!” – responde ela.
“Cortei-a à metade” – clarifica, e de rompante abre a porta da casa de banho, com uma coisa preta na mão espetando aquilo diante do nosso nariz.
Só não caí redonda no chão porque já não tinha grande espaço. A minha mãe manda o berro da vida dela e arremessa-se de cabeça para dentro da banheira.
O meu pai, às gargalhadas e só com um braço, exibe triunfante um imponente tubo preto de plástico das canalizações, que atira para dentro da banheira onde está a minha mãe
“Não vi o que era, só encontrei isto” – elucida ele risonho,
enquanto não se apercebe que cometeu um erro crasso. Caríssimos, nunca veiculem um tubo de plástico a uma mulher que aos 45 anos se vê escondida atrás da coluna do seu chuveiro. Só não lhe destroçou o outro braço porque senão não tem ninguém para lhe tirar o carro da garagem.
oficialmente, a minha casa é, a partir de hoje, a 5ª dimensão.
Confessa lá…
Tu vives no Júlio de Matos e de vez em quando deixam-te ir à net.
Para aferir da veracidade do post infra é favor contactar-me em privado que eu de bom grado farei com que entrem em contacto com a minha prestimosa e neste momento quase-acamada-de-susto mãe.
comentário anterior é meu..
A caminho…
Eu tentei aferir, mas o mail não funciona (cá para mim tb é da 5ª dimensão, turururu turururu ….)
Mas aferi eu “Eu”!
Jorge ****** vem por este meio afirmar por sua honra que, (logo à partida a declaração vale pouco), está em condições de afirmar que Susana Maria fala verdade, não mente nem distorce a realidade e que vive realmente num mundo de relógios de cuco.
Por ter colocado em causa tão valiosa personalidade da nossa vida bloguista, eu me sentencio a duas sessões de “Canta por mim”.
Sem mais de momento,
Gajo-com-uma-insónia-que-vai-lá-vai!.
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Eu said…
pronto, se o jorge afiancia que aferiu, e confere, Eu acredito (até pq não quero ficar sujeito à penitÊncia auto-imposta pelo jorge, que deve ter toda a nossa solideriedade por optar por caminhos tão sombrios para se purgar das suas desconfianças em relação à autora deste blogue)
sem mais, Ó-Kápa
sombrios? purga-te tu também sff!
hmpff
mas alguma vez Eu seria capaz de assistir a duas sessões de “canta por mim”? nem para m purgar! isso é coisa para gente com coragem, determinação e sentido de sacrifício extremo; Eu ainda cortaria a mão direita à dentada, agora, as sessões…não consigo, desculpa, mas não (ainda assim, como já disse, acredito no jorge, o q, desde logo, m absolve de qq necessidade de purgagem)
kmfshgd
Riu-me que nem um porquinho no trabalho!!! AHAHAHAHAHA!!!
Demais!!!
A minha mãe também tem um medo de morte dos aracnídios e animais de sangue frio de plástico! 😀
Mesmo sabendo que o são! 😛
Mulheres!!!
…la estas tu a provocar-me… a fazer referencias a tua garagem… 😉