Não havia alternativa

A minha mãe há muitos anos trabalhava num hospital civil de Lisboa, profundamente assustador, ali na Almirante Reis chamado Desterro.

Havia no serviço dela uma fotografia aumentada numa escala a 60%, com a legenda “Infeccção nas Criptas de Morgani”.

Para terem uma ideia aproximada, a fotografia reportava um caso muito grave de hemorróidas e fissura anal, na qual se mostrava distintamente o que poderia acontecer a a um rabinho saudável caso o Morgani nos atacasse.

Pior: havia no quadro a seguir uma fotografia com a legenda “hemorroidectomia”, a qual não consigo traduzir por palavras. Acreditem, não consigo.

Tudo isto para dizer que quando não tinha aulas, era obrigada a ir para o trabalho da minha mãe. Então tinha sempre que passar por esse corredor onde estavam as fotografias emolduradas (sim..que grande orgulho..) como quem passa pela Casa do Terror, a tremer e cheia de nojo.

Um dia, depois dessa temerosa provação do corredor, sentei-me na cadeira da minha mãe e, vendo um tubinho elástico todo catita, começo a soprar nele, colocando a outra extremidade nas orelhas, nariz e outros orifíciosque tais.

De repente levo com um carolo gigante, uma chapada brutal e um empurrão que me fez levantar vôo e, ao mesmo tempo, cuspir o tubinho, que outra coisa não era senão uma algália masculina.

A minha mãe, em pânico, gritava “isso é para pôr na pila dos homens!” e para mim, criança com 9 anos, não havia nada de mais monstruoso do que o falo masculino!!

Passei a ficar sozinha em casa, considerou-se ser o mais seguro.

Partilha-me toda, eu gosto

2 comentários em “Não havia alternativa

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