A colónia de férias do Projecto Crescer começou hoje, segunda-feira. Os percalços do dia..bem, remeterei para outro post. Porque a verdadeira desgraça não aconteceu neste dia 25, mas sim na sexta feira passada, dia esse que recordarei com desespero enquanto tiver discernimento para saber o quão mau foi o que aconteceu.
Curiosos? Bem, a maior parte das pessoas que estarão a ler isto já o saberão, porque a minha boca rota não se compadece do meu orgulho ferido. Confesso, a minha língua transcende-me.
Fomos eu, a Zélia, e a Sónia, vulgo rena Orlanda.
Nesse dia dirigimo-nos nessa furgoneta-maravilha que dá pelo nome de carrinha da Paróquia. Destino: LIDL de Massamá.
Objectivo: Comprar 300 fatias de queijo, 300 fatias de chouriço, 300 fatias de fiambre, 600 pacotinhos de sumo, 17 litros de leite, 9 garrafões de água.
Poderão as coisas piorar?
Sim. Claramente, sim.
Depois de momentos deprimentes dentro dessa coisa que dá pelo nome de LIDL (em abono da verdade, há que dar o benefício da dúvida aos bolos mármore, tidos como bastante razoáveis)
eu e as duas gajas, sufocadas por um carrinho cheio até à altura dos nossos olhos, decidimo-nos a pagar Atrás de mim estava uma senhora. Notoriamente a personificação de Satanás na Terra que, para disfarçar a coisa (mas pensaria ela que nós somos estúpidos??) , segurava dois rolos de papel higiénico numa mão e três latas de atum na outra.
Passados uns minutos lá me consciencializei que deveria ajudar as minhas amigas nas nas compras.
Então, num laivo de generosidade que eu própria haveria de pagar BEM CARO, coloquei uma palete de leite naquela coisa que anda sozinha até à caixa, deve ter um nome mas agora não me recordo bem, deve ser tapete rolante, ou coisa do género.
Um nano-segundo após ter carregado com a palete sinto um ligeiro aperto no braço. Viro-me. A tal senhora, essa criatura diabólica disfarçada de doméstica ressabiada olha-me com preocupação.
“A menina não devia fazer esforços” – diz ela
(Hein??)
“ A menina está de bebé não está?”
A Sónia Rena diz que me viu a olhar psicopaticamente para a senhora. Eu não me recordo.
Só sei que os meus olhos ficaram raiados e os meus instintos sanguinários tentaram despontar. Controlei-me. Faria senti-la mal, muito mal. Não a espanquei. Apenas coloquei a mão sobre o ventre, ajustando o meu top largo. Encolhi-me ao meu mais alto esforço. A respiração, suspensa, saía de pantufas pelas orelhas. A senhora arrependeu-se instantaneamente.
“Ai desculpe!! Não está!, Parecia, por causa da t-shirt”
Lancei-lhe o meu ar de mais profundo desprezo. Fi-la notar que eu tinha compras para 3 meses num bunker da Argélia, enquanto ela segurava pateticamente 3 latas de atum (classe baixa) e 2 rolos de papel higiénico. CAGONA, pensei eu.
Saí o mais dignamente possível do LIDL. Estou demasiado chateada para retirar uma ilação, Façam-no vocês. Mas, posso sugerir algo: TOPS, DA P… DA ZARA, f.. nem dados!!
Depois de ler o teu magnifico texto de tristeza lembrei-me de uma coisa. .
Eu acho que não é assim tão mau pensarem q tu estas gravida (mas q afinal não estas). Ve o lado positivo da coisa:
Podes ir sempre sentada nos transportes públicos (por causa dos lugares reservados), podes passar a frente nas filas dos supermercados, farmácias, e w.c (e olha que isto é dos melhores beneficios) podes dar sempre a desculpa “não posso fazer esforços”.
Enfim de certo que ha mais boas razoes p sorrir. Não dizem que as grávidas ficam sempre mais bonitas? Se calhar tens tado a ficar ainda mais bonita:P
dignamente e não digamente.
Eu quero te pagar o resto da bicicleta. Mais uma vez obrigado por tudo o que tens estado a fazer. És uma grande mulher, mas ajudavas mais se viesses PESSOALMENTE falar comigo.
Ricardo da Silva Ribeiro.