A Hérnia: O Início

Vou-vos contar uma história linda na minha vida.

Num belo fim de tarde no verão de 1992, tinha eu 12 anos, estava a flirtar com um rapaz vizinho da minha tia num café lá da rua. Entretanto, tive a brilhante ideia de me sentar na esplanada – não numa cadeira -, mas sim num pneu coberto de cimento com um cilindro de ferro, que servia habitualmente para encaixar o chapéu-de-sol da esplanada.

Acontece que o chapéu estava guardado na despensa e eu, armada em boa, resolvi sentar-me com grande atitude em cima desse pneu sem reparar no cilindro de ferro. Não consigo traduzir por palavras nem sequer expressões onomatopeicas, a dor excruciante que senti quando o meu cóxcis se rachou naquele ferro. Foi violento.

E violento foi também o facto de eu descobrir, com essa idade, que com o cóxcis fendido e todo o meu ser a entrar em shut down, eu não soltei um pio nem demonstrei a mais ligeira perturbação…

Pelo contrário, para não dar o braço a torcer e anunciar ao mundo que tinha o osso do rabo estilhaçado, eu aguentei UMA TARDE INTEIRA no café,lançando piadas e rindo-me das suas histórias, sem ele jamais suspeitar que aquele miuda que ali estava, deveria era ser imediatamente imobilizada numa maca a aguardar cirurgia.

Contas feitas, esse flirtzinho aos 12 anos rendeu-me uma deformação no último disco da coluna vertebral que por sua vez originou uma hérnia discal que, pasme-se, vive comigo há 14 anos… Foi claramente um flirt mal jogado,

e que nem sequer valeu a pena, uma vez que nesse mesmo ano ele foi viver para a terra dos avós em Vilarinho da Castanheira (nunca mais me esqueço) e quando o reencontrei há uns três anos, verifiquei desolada que ele tinha uns quantos dentes podres e dava-me, na melhor das hipóteses, pelo meu umbigo.

Concluo assim que, em situações embaraçosas que envolvam os conceitos de “rabo” , “ferro” e “fractura-luxação coccígea”, ponderem os prós e contras de uma eventual chamada para a Emergência Médica.

– Caso optem pela chamada telefónica, adianto que podem poupar muitas dores de traseiro e muitos e muitos euros em analgésicos narcóticos e TACs sacro-lombares.

– Caso optem pela total discrição e por um resto de tarde a flirtar ( abstraindo portanto da Experiência de Quase-Morte de rachar o ânus até ao último ossinho), certifiquem-se apenas que esse rapaz:

1.º – vai continuar a viver na vossa comarca ou, caso tenha mesmo que se mudar, não vá parar ao município de Carrazeda de Ansiães ;

2.º – tem hábitos de higiene oral senão diários, pelo menos regulares;

3.º -metricamente falando, tem grandes probabilidades de, na fase pós-puberdade, não se quedar nuns horripilantes 1.62 .

Assinado: portadora de hérnia discal mais burra de todos os tempos.

Partilha-me toda, eu gosto

30 comentários em “A Hérnia: O Início

  1. Tenho a certeza que fiz algo semelhante ha 15 anos atras. Cai de rabo e senti uma dor excruciante, mas nem piei porque estava a frente de montes de rapazes giros. Durante meses mal me sentei direita e nunca me queixei ao medico por receio sei la de que.

    Somos tao estupidos aos 12-23 anos..

  2. Bem… até tenho vergonha.
    Eu não tinha 12 anos já tinha 20.
    Fizemos uma daquelas festas para juntar dinheiro para o carro da queima das fitas e lá fomos nós para a discoteca.
    Eu juro que só tinha bebido uma Coca-Cola (não porque não goste de bebidas alcoólicas, mas simplesmente não tinha dinheiro para elas).
    Lá ia eu a descer umas escadas (eram apenas 4 degrauzitos), não sei francamente como aconteceu sei que dei por mim num esforço quase heróico a tentar equilibrar-me para não cair.
    Mas tudo em vão.
    Caí e bati com o cú no chão.
    Mas naquele momento o que me doeu, verdadeiramente, foi ter 4 colegas a olhar para mim a rir que nem doidos.
    No outro dia lá fui eu para as aulas a arrastar uma perna e com o relógio partido.
    Foi humilhante.
    Pelo menos tu conseguiste disfarçar o caso.
    Vale tudo, partir ossos, deixar cair os óculos numa lago,… mas a pose nunca.
    🙂

  3. Afinal o que conta não é ver a conta bancária dos homens, mas sim o estado da sua escova de dentes.
    Em vez de ir coscuvilhar as gavetas à procura dos extractos, vale mais irmos direitas à casa de banho… sempre é mais fácil.

  4. Uma vez mijei nas calças quando andava na escola primária e quando escapamos do recinto da escola para irmos à procura da aventura. Mijei-me porque não parava de rir. Depois esqueci que estava mijado e lá fui para o resto da aula. Como tempo a água misturada com o resultado de transformações interiores do nosso organismo, secou e a partir dai o problema ficou totalmente resolvido. É claro que só ficou resolvido, depois de a máquina de lavar ter removido o meu riso das minhas calças mas a partir do momento em que secou, para mim a questão estava encerrada.

    PS : A paciência tem limites. Não brinques com ela Susana Maria.

  5. Inicio? Vais começar a desbobinar todos os teus defeitos? Ainda estou apaixonado pelos teus defeitos. Por muito tempo que passe jamais te esquecerei e quero te dizer que ainda te amo. Ainda precisas do rim ou já fizeste o transplante. Estou disposto a dar-te um rim. Estou disposto a tudo mas a tudo para te conquistar novamente. Ficas marcada no meu coração para toda a vida. Mesmo que não queiras nada comigo, gostava muito que fosses apenas minha amiga. Ajudavas-me imenso.

    Beijinhos do teu amigo Nuno.

  6. Olá

    Vim parar por acaso ao teu blog através da pesquisa da palavra ‘salsicha’ no google e ainda não tive oportunidade de ler com mais atenção a tua vida porque me centrei especialmente no últino post, pelo facto de ser a última história relevante.
    Tens um nome muito bonito, Susana.
    A hernia ainda se manifesta ou ela porta-se bem?
    Sem duvida que é um blog para seguir com muita atenção.
    Obrigada pelas suberbas gargalhadas.

    Rufio.

  7. Eu com 12 anos andava a encher pneus com cimento – no meio dos quais espetava um cilindro de ferro – espalhava-os pelas esplanadas dos cafés e ficava escondido a ver que tipo de gente se sentava lá…mas isto era Eu

    ;))

  8. Conhecendo-me como me conheço, eu teria feito a figurinha ridícula logo aos 12 anos e estaria hoje a pensar “bem… apesar de se manter mais alto que eu, aqueles dentes podres fazem-me sentir que valeu a pena ter feito a figurinha rídicula”… Não estou aqui a dar lições de moral. O problema é que eu tenho muito pouca tolerância à dor e, portanto, teria sido realmente uma figura muito triste com um grande estardalhaço.
    Cuida de ti!

  9. PAZ ou SUI?

    Ou te deixo em PAZ
    Ou vou para a Suiça,
    Mas já sei como se faz
    Para não andar perdido
    E andar entretido
    E esquecido
    Que tu
    És
    Um ser
    Amigo.

    Vou-te deixar em PAZ
    E vou me conseguir levantar
    Mas para quando aquele olhar
    Que tanto me faz sonhar!!

    Deixo-te em PAZ
    E fico em Paz
    Com a recordação deste dia
    Onde com alegria
    Ouvi tua linda voz…,
    Que doce melodia!!

    Teu!!

  10. eu nao sei… mas anda ai um tal de ricardinho com um bloguesito ridiculo… salsichinha devias pensar em escrever-lhe um texto dedicado á dua ridicularidade… lol talvez te deixe em paz.
    belinha

  11. Eu sou testemunha que esta história é verdadeira!! (vah a ida dele para a terrinha. . chama se cacém fora isso acho que está tudo correcto).

    ehehe

  12. Pois, pois… esta história faz-me lembrar as desculpas do pessoal que vai parar ao Hospital com coisas espetadas no rabo. A melhor é aquele tipo que gostava de cozinhar nu, tinha o material espalhado pela cozinha e escorregou. Conclusão: foi parar ao hospital com um rabanete espetado no cuzinho, apenas com a rama de fora. Diz lá que não é uma imagem linda?

  13. Quando dei pela tua falta, pensei que o mundo ia desaparecer, que tudo se iria escurecer para nunca mais voltar a ser o que era antes de nós fazermos a nossa jura o nosso momento de gloria e de conforto. Quando percebi que não estavas lá pensei que tudo iria acabar.

    Sinto muitas saudades tuas amiga do coração!!

    🙂

    Rui Pedro.

  14. Mas afinal de contas, como é que é? Não percebo nada disto. É para ganhar mas não me dão a vitória? É para alcançar determinados e certos objectivos? É para se chegar concretamente a um sitio? É para realmente querer vencer e querer ultrapassar os obstáculos um a um? Com facilidade ou com dificuldade? Publicidade ou Não Publicidade?

    Como o teu blog todos os dias um pouquinho depois de antes acordar do pesadelo de Elm Street!!

    Porta-te bem!!

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