A Dúvida

Esta semana fui assistir ao julgamento de uma colega, que envolvia um seu arguido um pouco sui generis, preso num estabelecimento prisional.

Fui com a minha amiga Zélia, comparsa das brincadeiras, e sentámo-nos as duas no banco das visitas, emocionadas com o início da audiência.

Mas o certo é que, ainda esta nem tinha sido aberta, já vinha um Sr. Funcionário Judicial, a suar em bica, lívido de desespero, sem articular palavra conexa:

– o arg.. o ar..fug.. arghhh o arg..

E eu e a Zélia a mirá-lo atentas, tentando decifrar a charada:

– o arg…arghhh…o arg..oh meu ..fug.. arghh e atirava com a cabeça para trás e a língua para fora,

Finalmente apareceu outro Funcionário, com um pacote de açúcar, enfiou-lho garganta abaixo e o homem lá recuperou a consciência:

– o arguido..ó meu Deus, o arguido… fugiu! Não está na cela, fugiu!

Motim na sala, só faltou os restantes arguidos atirarem-se janela fora, com pânico de um arguido foragido – quiçá armado – esquecendo-se, por momentos, que eles próprios, num certo momento da sua vida, foram uns pequenos patifes.

Até que vem uma Funcionária, lúcida como qualquer mulher que se preze, e acalmou os 2 Funcionários esclarecendo-os:

– O arguido já vem aí.

Burburinho.

E segundos depois, entra uma mulher de porte altivo, cabelos pretos escorridos, calças justas e botas altas, batôn nos lábios e o rabinho a dar a dar.

Silêncio.

– Foi erro do guarda, explica a Funcionária, enquanto olha invejosa para a D. Travesti

Pois é, parece que quem deveria ter metido o arguido na cela dos homens, se entreteve tanto e tão bem a olhar para as suas maminhas baloiçantes e quadris rebolantes, que se esqueceu estar perante um travesti NÃO OPERADO por isso, e para todos os efeitos legais, tinha um pénis (minúsculo e atrofiado, segundo me confidenciou – hihi) e dois testículos (pequenitos também, tipo isto..)

Mas no meio disto tudo, se há uma coisa que eu aprendi ou reforcei é:

– os homens são particularmente estúpidos, especialmente se estão à rectaguarda de um travesti, absorvendo o seu traseiro bojudo e a babarem-se farda abaixo.

– Eu, enquanto espectadora igualmente à rectaguarda, percebi que não vale a pena um travesti operar-se e pôr proteses no rabo,

se tem umas costas largas de dois metros que só lhes falta estar à porta do Mussulo a barrar entradas e a conduzir um saxo cup.

Espero que seja absolvido. a.

Partilha-me toda, eu gosto

14 comentários em “A Dúvida

  1. Ja vi muito mais do que simples estupides nos homens, mas por um rabo rebolante e umas puppies dançantes e ainda por cima presidiárias, nunca tinha assistido… a cena deve ter sido delirante

  2. Gostei.É uma escrita alternativa,inteligente, límpida mas mordaz, satírica e leve ao mesmo tempo de uma densidade subliminar.Genial, vindo de uma advogada tão jovem e com tanta maturidade. Carlos

  3. LOLOLOLOLOL! Tb gostei! Apareci aqui caída porque o nome do blog me despertou a atenção no canto do Eu (claro no escuro), por seu turno descoberto através do Rafeiro Perfumado (isto é só descobertas!).

    Mas que alta cena no tribunal.
    Foi absolvida (o) ou não????

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