A crueldade parental

Hoje quando cheguei a casa da fac, tinha um puff lindo cor de rosa, no meio da sala. Todos já tinha saído, pelo que pude gozar aquele momento com a mais alta carga emocional possível, sem correr o risco de me acharem compeltamente demente. (o meu sonho foi sempre ter um puff cor de rosa.

Descalço as botas, arregaço a saia e v ou a correr da outra ponta do quarto e atiro-me de braços e pernas abertas para cima dele. Se pensam que algo de mau vai acontecer, desenganem-se. Era tão seguro e macio como eu sempre sonhei.

Puxei o lustro com o rabo, mostrei-lhe o meu diário, perfumei-o com a minha loção de corpo da Lâncome, apresentei-o á Bianca e até fiz ginástica – sentando-me e agarrando-me às pontas, fui a saltitar colada ao puff até ao corredor, e, embora tenha chegado lá mais morta que viva foi uma experiência que recordarei com desvelado carinho ( no caminho inverso é que já tive que vir a arrastá-lo, que a minha constituição óssea já não está para brincadeiras).

Adormeço aninhada no meu recente amor quando sou acordada por uma voz vociferadora, a minha mãe num estado de elementar de fúria, que gradualmente se vai transformando na mais pura demência: “O QUE TU ESTÁS A FAZER?!!”.

e eu, arqueando o sobrolho, pois não estava mesmo a perceber, e em jeito de pergunta: “estou a dormir no meu puf?..”

e a minha mãe: ” NÃO, NÃO ESTÁS! ESTÁS É A LEVAR UMA SOVA SE NÃO GIRARES DAÍ PARA FORA!

e eu a olhar para a minha mãe, sangue do meu sangue, nunca a ouvi dizer uma asneira na minha vida mas acho que naquele momento ela as estava capaz de dizer todas, por ordem alfabética e, inclusive, sob a forma de arroto.

Fugi dali para fora, mas ainda tive tempo de a ver colocar o meu puff num saco da Habitat e meter um laçarote, junto a um cartão festivo que julgo ser de aniversário. Alguma porca vai ficar bem contente hoje, e infelizmente não sou eu.

Qualquer dia faço um saboroso salmão no forno, com coentros picados, parmesão ralado e leite creme fresco e mariquices gastronómicas que a minha mãe adora e depois grito-lhe aos ouvidos: ” OLHA LÁ NÃO SABES QUE ISTO É PARA OFERECER AO BANCO ALIMENTAR NÃO!!? FAZ MAS É FAVOR DE TIRAR AS MÃOZINHAS GULOSAS DO TACHO, SUA GRANDESSÍMA LAMBONA!

Depois dizem que têm filhos hiperactivos.

Partilha-me toda, eu gosto

7 comentários em “A crueldade parental

  1. su, babe, só p partilhar ctg q no meu quarto eu tenho um lindo e fantástico, super fofo e aconchegante puff ROSA (shock claro está).

    em gesto de solidariedade, convido-t p vires ca a casa e permito que te espreguices um pouco no puff

    baci 🙂

  2. Tenho uma confissão a fazer!
    Estando brutalmente entediada no meu trabalho( que neste momento se resume a catalogar livros e po-los numa base de dados. Decadente!) resolvi, nada mais nada menos, que ir lêr TODOS os posts do Salchicha Não Te Desgraces, desde Julho de 2005.
    É uma maneira como outra qualquer de não trabalhar, mas foi bem divertido, como sempre!

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